A confecção de formas nos primórdios da Flexografia caracterizava-se como um processo artesanal, dominado por profissionais que desenvolveram suas competências após anos de experiência na indústria, por conta disso, a qualidade do impresso dependia muito mais da habilidade do impressor no controle das variáveis do processo.
Felizmente, esse cenário é o passado da Flexografia. Atualmente a matriz de impressão flexográfica, em sintonia com a escolha adequada do cilindro anilox, a competência do impressor, a qualidade de matérias-primas e os recursos tecnológicos disponíveis, divide o protagonismo na qualidade de impressão na Flexografia.
O reconhecimento da importância da forma de impressão justifica-se pelo maciço investimento em tecnologia, que atualmente permite a obtenção de resultados e performances de impressão completamente diferentes com pequenas variações na gravação da matriz.
Como resultado, observam-se hoje as clicherias assumindo o papel de consultores no processo de desenvolvimento de artes para conversão, uma vez que representam o elo entre marcas e convertedores na materialização da imagem na forma para posterior reprodução, harmonizando limitações do processo de impressão e expectativas dos donos de marca quanto ao resultado a ser obtido.
Entende-se como necessidades dos players envolvidos nesta cadeia produtiva:
As marcas querem suas embalagens sem variações de cor no ponto de venda, com a melhor resolução e contraste de impressão possíveis, além de cores mais vivas, ou seja, exigem requisitos mínimos para que a embalagem cumpra um de seus papéis, que consiste em permitir a comunicação da marca com o cliente de uma maneira positiva.
Já os convertedores querem otimizar ao máximo sua produção. Otimização traduzida em redução de cores, menor consumo de tinta com manutenção de altas densidades, menos paradas de máquinas, repetibilidade e produção em alta velocidade.
Entretanto, percebem-se incoerências nessas demandas, uma vez que alta densidade não combina com bom contraste de impressão e alta densidade com alta carga de tinta não combinam com alta velocidade de impressão e baixo consumo de tinta.
E neste cenário, como a Pré Impressão conseguiu equalizar essas necessidades dos players na geração do arquivo e gravação da forma de impressão flexográfica?
A redução do número de cores é uma possibilidade com a heptacromia ou gama estendida. Esse termo, há muito conhecido no mercado gráfico, consiste na adoção de cores adicionais (como por exemplo, laranja, verde e azul) às cores de escala, com o objetivo de ampliar o gamut de impressão, reduzindo a necessidade de impressões com cores especiais. Esse recurso, além de minimizar custos com formas de impressão, permite ao convertedor racionalizar seu estoque de tintas e reduzir setups em função de manutenção das mesmas cores nos grupos impressores, entre outros benefícios.
A redução do consumo de tinta pode ser atingida com a utilização de clichês de fotopolímero com superfície modificada. A possibilidade da geração de micro furos na superfície dos pontos possibilita melhor transferência de tinta e obtenção de imagens com alto contraste, aliando redução do consumo e alta densidade de impressão.
A adoção da tecnologia digital de confecção de clichês de fotopolímero foi fator primordial na repetibilidade e qualidade da imagem impressa em Flexografia, uma vez que a eliminação do fotolito em muito contribuiu para a redução da perda de detalhes no processo de obtenção da matriz.
A utilização de retículas híbridas colaborou principalmente na melhoria da qualidade de reprodução de degradês e imagens onde há a necessidade de variação tonal suave.
O desenvolvimento de placas de fotopolímero com alta latitude de exposição permitiu a exposição das chapas a maiores tempos sem prejudicar a reprodução das áreas de meio tom, fato que permitiu a redução de paradas de máquina para limpeza de clichês com mix de traços, chapados e meio tons.
Conclui-se, portanto, que esses recursos dentre tantos outros avanços permitiram à Flexografia conquistar novos nichos de mercado e ter sua qualidade de reprodução reconhecida tal qual processos consolidados no mercado, como a Rotogravura e Offset.
E frente a esses argumentos, é natural, saudável e desejável que a Pré Impressão atue em todas as etapas do processo de produção, da concepção do projeto da embalagem à sua impressão, uma vez que possui as ferramentas que contribuem para o atendimento às expectativas de todos os componentes da cadeia produtiva.
Saudações à tecnologia e sejam bem vindos aos novos tempos da Flexografia!
Autor: Fidel Fentanes