Inovação é a palavra-chave para superar a concorrência em mercados cada vez mais competitivos e se torna altamente necessária quando se visa a longevidade coorporativa e não apenas uma sobrevivência imediata.
O uso da palavra inovação geralmente apresenta uma conotação somente de desenvolvimento de novos produtos e serviços, mas também deve ser usada para melhoria dos processos internos e maior aproveitamento de todos os recursos disponíveis. O grande objetivo é potencializar a produtividade, algo que só será atingido com eficiência corporativa, emprego de alto valor agregado e flexibilidade para fazer coisas diferentes.
Tendo em vista o ramo flexográfico, mais especificamente em empresas de Conversão e Clicherias, é necessária uma mudança de pensamento. Atualmente, donos de marca criam novas embalagens e ainda não é comum encontrar uma comunicação efetiva entre os elos da cadeia, para que o processo de inovação ocorra de maneira fluida.
A diferenciação será fator de sobrevivência. Será necessário trabalhar muito mais próximo aos donos de marca, antecipando melhorias, tendo a iniciativa de fornecer inovação, ser realmente um parceiro na incessante busca de encantar o cliente.
O empresário do ramo flexográfico precisa ser altamente flexível, estar aberto ao uso de novas tecnologias, além de saber integrá-las com as já existentes, afim de reduzir o impacto da transição. A estagnação é um passo para o fracasso. O sucesso no futuro estará ligado diretamente com a capacidade de inovar e lidar com estes ciclos dos processos de mudança.
O objetivo deste artigo é discutir sobre as mudanças na pré-impressão, as quais impactarão clicherias e convertedores.
Para o convertedor seria interessante incorporar a pré-impressão, trabalhar com clicherias internas, ou a descentralização deste processo, preocupando-se somente com a impressão das embalagens, seria o mais importante?
Esta é uma boa questão. A escolha pela descentralização ou não da pré-impressão é algo que precisa ser estudado, além de estar estreitamente ligado com a estratégia empresarial traçada pelo convertedor. Ambas as possibilidades são interessantes, e é claro, possuem suas vantagens e desvantagens.
Antes de ponderar os impactos gerados por esta decisão, vamos entender o papel da clicheria.
Atualmente estas empresas objetivam não ser somente provedoras de matrizes de impressão, mas sim um importante parceiro para aumento qualitativo de seus trabalhos e obtenção dos resultados esperados pelos donos de marca. Por este motivo, apresentam soluções que vão além do clichê, como padronização dos processos de impressão e implementação de gerenciamento de cores.
A opção do convertedor pela adoção de uma clicheria interna possivelmente proverá maior flexibilidade e controle do processo de confecção das matrizes de impressão, além de redução do lead time, fatores que certamente impactarão a produtividade. De toda forma, será necessário o investimento em toda a infraestrutura, assim como treinamento e capacitação da força de trabalho.
O item “formação da força de trabalho” é algo delicado. A capacitação de um profissional para executar processos tão específicos leva tempo e geralmente ocorre dentro da empresa, sob a tutela de profissionais mais experientes. Por exemplo, é muito difícil encontrar disponível no mercado um profissional experiente em tratamento de imagens para flexografia. A rotatividade de funcionários é sempre um risco. No mercado há casos de empresas que foram extremamente impactadas pela saída de um profissional de pré-impressão. É importante exercer uma gestão que mantenha a informação na empresa, seja por procedimentos descritos, política de retenção de talentos ou por funcionários que compartilhem funções, desta maneira o risco de prejuízos será reduzido. Por mais que o nível de automação da pré-impressão aumente com o passar dos anos, o trabalho específico de profissionais da área sempre será necessário para elevar o valor agregado dos produtos.
Por outro lado, a descentralização do processo de pré-impressão, por parte do convertedor, pode também ser interessante. Esta escolha permite o aproveitamento de todo o know-how, equipamentos e estrutura física destinado a gravação das matrizes por parte da clicheria, portanto, o convertedor pode focar seus esforços na administração dos trabalhos junto aos donos de marca, e em agregar valor a suas impressões com investimentos nesta área.
É importante ter em mente que as constantes evoluções tecnológicas objetivam simplificar o processo de confecção das matrizes de impressão. Por este motivo, pensando no futuro, as clicherias deverão apresentar soluções criativas e um relacionamento muito estreito com os elos da cadeia de impressão de embalagens, para se manterem competitivas e adicionando valor aos convertedores, pois a maior facilidade na geração das matrizes acaba sendo um atrativo para que convertedores não mais vejam a pré-impressão como algo tão complexo.
Como as clicherias poderão continuar agregando valor?
As clicherias deverão trabalhar em conjunto com as agências e donos de marca, ser parte integrante do processo de produção de um trabalho e não somente provedoras de matrizes de impressão com soluções em gerenciamento de cores, gerando uma sinergia benéfica à obtenção dos resultados esperados durante o desenvolvimento dos trabalhos.
Cito os seguintes pontos como principais fatores de mudança:
• Necessidade de capacitação profissional para desenvolvimento de trabalhos destinados a impressões híbridas. O conhecimento de mais de um sistema de impressão será essencial para o desenvolvimento dos arquivos com sinergia entre todos os elementos. O mercado se mostra extremamente promissor ao uso de equipamentos de impressão híbridos, porém, será necessária capacitação para designers e pré-impressão.
• Uso de plataformas de trabalho seguras e integradas, que permitam aos donos de marca, agências de publicidade, clicherias e convertedores a troca de informações sem riscos, interagindo sobre o desenvolvimento dos trabalhos. Gerar um ambiente colaborativo, com alto grau de engajamento, utilizando expertise de diferentes áreas para desenvolver um produto de alta qualidade e funcionalidade.
• Estar aberto a incorporar novas tecnologias como “a internet das coisas” para embalagens e até mesmo o uso de tecnologia 3D para geração de protótipos e virtualização, criando cenários cada vez mais realistas que ajudam donos de marca a “provar” antes de produzir;
• Serviços de implementação de gerenciamento de cores e gama expandida. Não se trata necessariamente de uma mudança, já se tornou uma obrigação. A padronização e a potencialização da qualidade dos processos de impressão estão diretamente ligadas ao sucesso do trabalho.
O futuro expõe boas oportunidades para ambos os caminhos, sejo o de centralização da pré-impressão por parte dos convertedores, seja de clicherias que expandam seu portfolio levando em conta estas tendencias mencionadas. O importante é que haja uma estratégia de negócio clara por parte da empresa.
Dentre as muitas novas tecnologias disponíveis no mercado, as retículas de superfície aplicadas via software serão substituídas pelas chapas de fotopolímero com superfície modificada?
A uniformidade e o aumento de cobertura do filme de tinta no substrato são fatores primordiais para a obtenção de cores altamente saturadas, capazes de saltar aos olhos e ser importante argumento para definição de compra no ponto de venda.
O uso de retículas de superfície nas chapas de fotopolímero é um importante artifício para assegurar impressão com altas densidades e ótimas coberturas de tinta independentemente da irregularidade do substrato utilizado.
Há possibilidade de trabalhar com chapas já texturizadas em sua superfície ou realizar a aplicação da retícula via software gráfico. A grande vantagem na escolha da chapa com superfície modificada é a não dependência em ter que investir em softwares e hardwares custosos para aplicaçao desta retícula. Em muitos dos casos, a texturização vinda de fábrica será capaz de atender ao nivel de exigência do trabalho. Outro fator é o simples processamento da gravação da matriz. Hoje dizemos que a flexografia voltou a ser simples como no inicio do digital convencional.
Por outro lado, quando a clicheria ou o convertedor com clicheria interna, tem a possibilidade de investir em softwares e hardwares para geração de retículas, abre-se uma gama de opções em que cada diferente alternativa de reticulagem foi desenvolvida para exercer a melhor transferência de tinta em distintas situações, promovendo flexibilidade para a pré-impressão durante a definição da melhor opção.
Em resumo, o mercado terá duas opções e poderá escolher de acordo à sua necessidade, a tecnologia de chapas texturizadas ou as chapas com superfície modificada via software.
Autor: Diego Souza