Já cansamos de dizer aqui que a embalagem – quer estejamos falando de caixas de transporte de papelão ondulado, recipientes soprados ou injetados e embalagens flexíveis – é um grande e assertivo termômetro da economia.
Os bens de giro rápido tem um perfil de compra regular, com grande participação de itens de “primeira necessidade” (alimentos, bebidas e produtos para higiene e cuidados com o lar), tangeados por um processo decisório de relativo baixo envolvimento.
No momento que o cinto aperta, consumidores estão dispostos a fazer concessões e buscar novas marcas ou segmentos da própria marca de preferência, num extrato inferior de preços – mesmo que momentaneamente – mas não deixam de comprar.
Durante a pandemia, os governos usaram de toda a sorte de políticas heterodoxas para “manter o bonde andando”. Os auxílios bilionários às empresas, governos estaduais e municipais e à população irrigou a economia, mais em alguns países do que em outros, em montantes e duração variados.
O “helicopter money”, como sempre, tem como efeito colateral a inflação. E, com a devida licença para não entrarmos nos tecnicismos que cada escola de pensamento econômica adota para defini-la e explicá-la, vamos nos ater ao seu efeito comum e histórico: a perda do poder de compra da população. A inflação sobe e o valor do dinheiro na mão, declina.
Todo mundo que vai ao supermercado está sentindo essa erosão gradual há tempos. A impressão descomedida de dinheiro e a criação etérea de equivalentes monetários sem ajustes fiscais e cortes de gastos também proporcionais tira itens do seu carrinho de supermercado todos os meses. Itens embalados.
Os juros longos dos Treasuries americanos voltaram a subir – num ciclo autofágico que por um lado aumenta a pressão sobre o FED para antecipar o movimento de alta de juros e, por outro, fomenta a especulação de mega investidores em estratégias do tipo long and short, corroborando para a aceleração do processo inflacionário. Esta dinâmica costuma se repetir com maior ou menor gravidade, em função da força e da relevância internacional da moeda.
E como dizem, o real não é o dólar, nem o euro e tampouco, o Yuan.
A próxima onda, longe de querer ser trombeteiro do apocalipse, é a inflação de preços ao consumidor que, na melhor das hipóteses, vai fazer a retomada em V ser no mínimo, tortuosa. Oremos!
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