Nos dias 22 e 23 de maio, em São Paulo, realizamos a primeira edição da conferência latino-americana de flexografia – a Flexo Summit – nas dependências do campus do Senac, em Santo Amaro.
Mais de 450 profissionais da indústria flexográfica estiveram presentes – dentre eles fornecedores de máquinas e insumos, donos de marcas e principalmente, os convertedores de rótulos, etiquetas e embalagens.
Desde que nos propusemos a organizar a Flexo Summit, queríamos trazer ao mercado um evento inesquecível, fortalecendo os aspectos que nós julgávamos deficitários em conferências dessa natureza, realizadas aqui ou no exterior.
O primeiro destes aspectos diz respeito à qualidade técnica das palestras. Uma parcela expressiva dos eventos atuais trazem ao público palestras majoritariamente comerciais. Estar dois dias presente em um evento, principalmente nos dias atuais, é algo inestimável. Não se pode entregar um conteúdo raso, que esteja ao alcance de uma busca no Google ou uma chamada telefônica ao fornecedor.
Durante meses, revisamos meticulosamente o conteúdo das palestras, no intuito de orientar as empresas patrocinadoras e seus palestrantes a prepararem algo realmente único e interessante, em convergência com as necessidades do segmento flexográfico. O feedback dos presentes foi positivo e a maior nota de avaliação que recebemos foi justamente o esmero com as palestras.
Também queríamos valorizar os profissionais que compartilharam seu conhecimento com os presentes, entregando-lhes uma lembrança personalizada que os fizesse sentir reconhecidos, tanto em seu esforço, quanto pela coragem em realizar uma apresentação a um público tão qualificado, algo que sabemos, é desafiador mesmo aos mais experientes.
O evento não poderia ter sido organizado sem o suporte financeiro dos patrocinadores. Nesta primeira edição da Flexo Summit, tivemos o apoio das empresas DuPont, Oxiteno, Esko, Hybrid Software, Rhodia Solvay, Siegwerk, Toyo Ink, UV Tronic (Phoseon), Bobst, Clicheria Blumenau, GMG Color, Huber Group, Isra Vision, Kodak (agora Miraclon), Laserflex, Perfil Consultoria Gráfica (Oris), tesa®, Etirama, Alternativa Flexo, Apex International, Coralis, Flexopower, Flexoshopping, Flexowash, Flint Group, Maquinarium Representação Industrial, MLC Facas de Precisão (Rotometrics), Novaflexo, Reinaflex, Rochesa, Steelknife e Uniplastic.
Estas empresas, ao apostar em iniciativas de cunho educacional, ajudam o mercado flexográfico a evoluir e todos ganhamos com isso. Um mercado com mais conhecimento técnico é mais sadio, ao agregar maior valor aos produtos e trabalhar de uma forma mais produtiva e sustentável.
A Flexo Summit teve como parceiros de mídia a revista EmbalagemMarca, a feira Flexo & Labels, o portal de notícias PrintNews, a consultoria de papelão ondulado Jorge Brandão, o portal FlexoGlobal e a assessoria em comunicação e jornalismo empresarial Parla, além da própria ProjetoPack em Revista. Institucionalmente, houve suporte das entidades ABIEA (Associação Brasileira das Indústrias de Etiquetas Autoadesivas), ABIEF (Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Flexíveis), ABIPLAST (Associação Brasileira da Indústria de Plásticos), ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica), FTA Europe (Associação Técnica em Flexografia Européia), IDEAlliance, Instituto de Impressão e as escolas Senac e Senai.
Para o leitor que não esteve presente no evento (esperamos vê-lo na Flexo Summit Latin America 2021), vamos agora percorrer as ideias centrais das palestras proferidas ao longo do evento.
Um pouco sobre o que foi falado durante a Flexo Summit
“Como fazer uma embalagem brilhante”, por Shyamal Desai, DuPont Advanced Printing
Dentre as inúmeras ideias e colocações interessantes a respeito dos vetores da sustentabilidade na cadeia flexográfica e de embalagem – que motivou a DuPont ao desenvolvimento de uma solução de processamento térmico de chapas no passado e até mesmo potencializou o uso de gama expandida em todo o mundo, o que mais chamou a atenção de todos foi a problemática apresentada por Shyamal, acerca do impacto da redução de espessura dos materiais de embalagem (fenômeno conhecido pelo termo em inglês “downgauging”) e como isso afeta a cobertura do branco.
Assim como na revista que o estimado leitor tem em mãos, um papel fino demais pode acarretar em transparência da página, filmes finos demais geram o mesmo efeito nas embalagens (deixando transparecer o produto). E também dificultam a impressão do branco, que dá vida à impressão.
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“Empoderando a consistência da impressão flexográfica com a adoção do G7”, por Steve Smiley, IDEAlliance
O veterano da flexografia Steve Smiley, considerado uma das autoridades mais importantes do mundo no assunto (o que outorgou-lhe um lugar merecido no Hall da Fama da flexografia, na Associação Técnica de Flexografia Norte-Americana, a FTA) começou sua palestra com uma mensagem inspiradora e divertida: “A flexografia é o melhor processo de impressão do planeta”.
Parte desse sucesso e crescimento se deve ao ganho de consistência na reprodução, com a adoção da técnica de calibração conhecida como G7, que se baseia na aparência comum dos impressos mediante a calibração por balanceamento dos cinzas. Até o desenvolvimento do G7, a calibração usual levava em conta apenas o ganho de ponto (incremento do valor tonal ou TVI) e os resultados finais eram incertos. A calibração G7, no entanto, funciona em qualquer processo ou sistema de impressão, independentemente da tinta ou do suporte.
De forma inédita, Steve trouxe pela primeira vez a conhecimento do público, dados do Retorno Sobre o Investimento de gráficas e convertedoras nos Estados Unidos que implementaram o G7 – que impressionaram positivamente os presentes. Tempos de setup e aprovação de trabalhos, geração de aparas e paradas no processo reduziram drasticamente, provando que a técnica é fundamental a todos os flexógrafos, em quaisquer mercados.
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“tesa® Twinlock: uma solução sustentável e reutilizável de montagem de chapas flexográficas”, por Carlos Saya, tesa Twinlock
O experiente Carlos Saya apresentou uma das soluções mais disruptivas lançadas nos últimos anos na indústria flexográfica mundial: a tecnologia de camisas adesivas Twinlock, que dispensa o emprego de fitas adesivas dupla-face.
Como toda tecnologia, possui seu campo de aplicação e requer determinados cuidados, câmbios culturais e conhecimento técnico e prático para que se possa aproveitar o máximo possível de seus benefícios econômicos e ambientais.
O ponto alto da palestra, que deixou uma parcela razoável dos ouvintes atônitos foi a demonstração de Retorno Sobre o Investimento – que mesmo considerando o não recomendado reaproveitamento da fita dupla-face (que alonga o ROI da tecnologia Twinlock ao baratear a tecnologia convencional) – ainda esteve na casa dos 10 a 19 meses.
Em absoluta convergência com a DuPont, Carlos mencionou a importância da “pegada de carbono” e o compromisso não apenas da tesa®, mas de todo o mercado flexográfico em responder a este novo cenário, que requer cada vez mais a adoção de práticas sustentáveis.
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“A flexografia e o gerenciamento de cores na perspectiva do dono da marca”, por Cesar Ribeiro, BRF”
A Flexo Summit estreou rompendo modelos pré-estabelecidos para este tipo de evento e inúmeros paradigmas. Talvez um dos maiores foi o de chamar pela primeira vez um dono de marca para falar em nome do fornecedor.
A empresa gaúcha Perfil Consultoria Gráfica, revendedora exclusiva das soluções CGS Oris (uma das líderes mundiais em software e soluções de provas para a indústria gráfica) inscreveu como seu palestrante César Ribeiro, da BRF – uma das maiores indústrias de alimentos do mundo.
Foi uma enxurrada de informação: convertedores puderam compreender mais detalhadamente como funciona a cadeia de valor da companhia, o que chamam na BRF “do grão à mesa”. Ao aprofundar-se mais nessa complexa e intrincada cadeia de valor, pode se perceber que a pressão por prazos na produção ou mesmo aprovação de embalagens não é um capricho. Toneladas de alimentos podem simplesmente estragar e prejuízos incalculáveis ocorrerão.
Diferentemente da maioria dos grandes donos de marcas, a BRF possui um departamento gráfico altamente estruturado e conhecedor do processo produtivo, desde a pré-impressão até o acabamento. Um departamento que tem muito claramente a visão de onde quer chegar – com a checagem instrumental da cor, uso de padrão digital, um workflow integrado e funcional e a geração de relatórios em tempo real da qualidade do impresso, com relação ao original aprovado.
Seguindo este caminho, a BRF adotou a solução Oris Flex Pack e a impressora digital Roland para a produção de provas contratuais em diversos substratos, com fidelidade de cores e recursos extras como a impressão de branco e prata simultâneos.
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“Gerando provas e mockups confiáveis e simulando a impressão flexográfica de alta performance”, por Paulo Monteiro, GMG Color
Todo mundo quer imprimir em gama expandida. Mas será que todo mundo está preparado para isso?
Coube à GMG Color apresentar os pontos nevrálgicos na implantação da gama expandida. O primeiro deles refere-se ao critério de separação de cores. Nesta etapa, cada solução do mercado possui abordagem diferente e escolher uma que além de amigável ao usuário, tenha a maior acurácia colorimétrica possível, seja rápida, precisa, repetitiva e versátil em termos de simulação faz toda a diferença no sucesso ou fracasso da ECG.
Muitas empresas, segundo a GMG, tem obtido um sucesso inicial na implantação da gama expandida, mas depois não conseguem mais repeti-lo e voltam a desperdiçar horas valiosas de setup fazendo retoque de imagem na impressora.
Paulo brincou com os presentes, apresentando um breve questionário onde a nota daria indícios se a empresa está ou não apta a iniciar com a gama expandida. Uma reflexão importante, uma vez que imprimir por números não se sustenta sem uma cultura de controle dos processos, máquinas impressoras de ponta e com a manutenção em dia e insumos de qualidade.
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“Flexibilidade para sistemas solventes inovadores e sustentáveis: um portfólio completo aliado à tecnologia digital”, por Denilson Vicentim, Rhodia Solvay
Mais uma vez, a sustentabilidade veio à tona no evento. A Coatis, uma unidade do grupo Solvay, tem no cerne de suas atividades o conceito ambiental – o Solvay Way, com 37 práticas (desde o nível de gestão até o operacional), 200 “Champions and correspondents”, 1 autoavaliação anual que averigua o progresso em sustentabilidade com mais de 2100 práticas pontuadas e a cifra de 50% dos colaboradores envolvidos em planos de ação correlatos.
A plataforma NG Solsys é uma ferramenta que busca melhorar o desempenho das fórmulas de tintas e solventes em termos de solubilidade, em ambiente de simulação. Em sua nova versão, recursos de Realidade Aumentada permitem ao usuário visualizar os parâmetros de solubilidade para diferentes polímeros e interagir com o sistema – algo que foi inclusive demonstrado no estande da companhia, no foyer do evento.
Assim como observou Paulo Monteiro, da GMG, o mercado flexográfico hoje não pode se dar ao luxo de usar a hora máquina para “experimentar”. Denilson Vicentim mostrou que o ambiente de simulação, que leva também fatores como a umidade e a temperatura da sala de impressão, podem fazer a diferença no dimensionamento do solvente de impressão.
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“Gerenciamento de cores em gama expandida”, por Dr. Kiran Deshpande, Siegwerk
Uma das autoridades mais renomadas em gama expandida e gerenciamento de cores do cenário gráfico atual, o Doutor Kiran Deshpande traçou um paralelo entre o desenvolvimento da indústria 4.0 e o gerenciamento de cores na impressão.
Começou por explanar sua primeira onda nos anos setenta com a ciência básica da cor (avaliação visual da cor evoluindo para medição por aparelhos), passando para a aplicação (perfis ICC), sistemas (CxF, FOGRA, G7, ISO etc,) e o vislumbre em 2030, da interconectividade e emprego de computação em nuvem (iccMAX, por exemplo) na definição, endereçamento, aprovação e manutenção de cores.
Fundamentos técnicos interessantes como a “Estratégia de cores para gama expandida” e “Ecossistema da cor” permearam a palestra, que encapsulou com eficiência os principais benefícios, desafios e aplicabilidade da impressão por paleta fixa de cores em flexografia.
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“10 dicas infalíveis para escolher uma clicheria ideal ao seu negócio”, por Alexsandro Pires, Clicheria Blumenau
O especialista em flexografia, G7 e CMP expert Alexsandro proferiu uma palestra animada e que começou com uma curiosa surpresa: alguns minutos após a sua apresentação pessoal e da empresa, o palestrante saiu do palco e retornou em instantes, trajando uma camiseta com a palavra “Convertedor”.
A ideia era ilustrar que, a partir daquele ponto, seus argumentos acerca do que deveria ser uma “clicheria ideal” seriam dados sob o prisma do convertedor.
Discorreu então sobre automação de processos, a adoção de portais B2B, rastreabilidade e controle dos processos internos, gerenciamento de cores, capabilidades para a produção de clichês em altas lineaturas, know-how para implantação da gama expandida, segurança e retenção de dados, logística, organização do negócio em unidades especializadas e equipes técnicas qualificadas e com experiência de campo.
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“A indústria 4.0 aplicada à pré-impressão flexográfica”, por Piet Cottenie, Hybrid Software
Na última palestra do primeiro dia do evento, Piet Cottenie, sócio-diretor da Hybrid Software explicou à audiência o quão complexo pode ser integrar tantos sistemas heterogêneos em uma indústria gráfica ou convertedora.
Também mostrou que um dono de marca “médio”, com suas linhas de produto, subdivididas em apresentações variadas, impressas em um ou mais convertedores e sujeitas a uma série de alterações (também comentadas na palestra de Cesar Ribeiro, da BRF) pode criar uma verdadeira balburdia de informações, que dá margem a erros e, por conseguinte, graves prejuízos financeiros.
Por estes e outros motivos, cada vez mais veremos as premissas da indústria 4.0 aplicadas no cotidiano da indústria gráfica, em especial nas etapas de pré-impressão. Automatizar tarefas desde a emissão dos pedidos até o cálculo dos custos do trabalho é algo inexorável e as empresas – sejam elas clicherias, pré-mídias, agências, gráficas ou convertedores – que não se adequarem a esta nova realidade, estarão gradualmente fora do mercado.
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“Solventes oxigenados – uma nova geração de moléculas derivadas do propanol”, por Debora Rezende, Oxiteno
A única palestrante mulher da primeira edição da Flexo Summit, Debora foi bastante ovacionada ao trazer uma abordagem muito conectada ao chão-de-fábrica.
Em parceria com a escola Senai Theobaldo de Nigris, a pesquisadora coordenou previamente uma série de testes de impressão flexográfica com opções de thinner formulados a partir de soluções do portfólio da Oxiteno.
Parâmetros tais como viscosidade, secagem, retenção de solventes, cor, brilho, compatibilidade com as chapas flexográficas, ganho de ponto, densidade dos sólidos e printabilidade deram uma ideia precisa aos ouvintes, acerca da performance destas formulações, ganhos diretos e efeitos na qualidade e consistência da impressão.
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“Considerações práticas ao implementar metodologias como G7, GMI e FIRST na flexografia”, por Frank Burgos, FlexoExchange
Expert em flexografia, consultor e fundador do fórum técnico mais importante de flexografia da internet, Frank Burgos foi convidado pela Laserflex, uma das líderes na manufatura e comercialização de anilox e porta-clichês, para proferir uma palestra técnica de tema livre.
Frank deu uma verdadeira aula técnica sobre impressão flexográfica – um verdadeiro passo-a-passo de como construir um alicerce sólido o suficiente para suportar a adoção de normas técnicas como o FIRST, da FTA, ou mesmo a calibração G7, que demanda um exímio controle dos processos.
O que mais chamou a atenção foi a atenção especial para a documentação, destacada a todo instante por Frank. “Transfira tudo para uma base eletrônica de dados e assegure-se de que os protocolos de back-up estão sendo seguidos à risca”.
Do muito aprendido com Frank, destaca-se o quão preponderante é transformar as informações do processo flexográfico em capital intelectual da companhia, acessível, atualizado e tecnicamente pormenorizado.
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“Tendências e inovações na impressão flexográfica e soluções para embalagens sustentáveis”, por Eric Pavone, Bobst Group
Todo evento que se preza precisa de uma palestra muito bem feita a respeito das macro tendências do setor. Este papel coube a Eric Pavone, diretor de negócios da divisão Web Fed da Bobst.
Apresentando dados de estudos globais como os da Pira, Eric começou por mostrar aos presentes o quão importante é, de fato, a embalagem no momento da compra: 68% dos consumidores compram por impulso.
Dentre os vetores do mercado abarcados em sua palestra, foram comentados a sustentabilidade, o crescimento do varejo eletrônico e os desafios das marcas em responder a tudo isso.
A palestra caminhou mostrando exemplos de desenvolvimentos e tecnologias por parte dos mercados de impressão e conversão, consonante a este cenário. Projetos para estruturas de embalagem 100% recicláveis, baseadas na combinação de PE e PP (ou somente PE), a impressão em gama expandida, sistemas de tintas a base de água, EB e híbridos e a ampliação do uso de máquinas impressoras banda estreita ou média na produção de embalagens flexíveis.
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“Sustentabilidade em embalagens flexíveis: abordagem, conceitos e propostas de um fabricante de tintas”, por Giuseppe Gianetti, Huber Group
A palestra da Huber começou como uma reflexão. O mercado de embalagens flexíveis plásticas sofre tantos ataques por conta das questões ambientais, que por vezes nos esquecemos a importância estratégica da embalagem na preservação dos alimentos, a logística e distribuição destes em todos os cantos do planeta. Sem embalagem, nada disso seria possível e a fome seria um mal ainda mais terrível.
Todavia, sabemos que é preciso desenvolver e produzir embalagens que atendam ao tripé ambiental, econômico e de responsabilidade social.
Foi assaz interessante ver um tema tão polêmico ser puxado por um fabricante de tintas. E foi puxado com excelência, deliberando sobre a segurança (na seleção de matérias-primas das formulações de tintas, por exemplo), a durabilidade (ao se desenvolver tintas que maximizem o tempo-de-vida em prateleira das embalagens) e a responsabilidade (no uso de menos recursos e numa matriz energética “verde”).
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“Como implementar a gama expandida”, por André Duarte, Esko
André focou-se no passo-a-passo da implementação da gama expandida: a otimização, a calibração e a caracterização do processo flexográfico.
Salientou que os convertedores devem inicialmente desenhar um projeto de gama expandida, escolhendo alguns trabalhos e fazendo simulações prévias não apenas no âmbito da pré-impressão, mas de custos – avaliando o impacto econômico da migração do modelo convencional para a paleta fixa de cores.
Reforçou ainda que a técnica G7 pode ser uma aliada importante na estabilização da aparência compartilhada e na implantação de ECG, assim como a medição SCTV (Spot Color Tonal Value).
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“Faça certo da primeira vez”, por Stefano D’Andrea, Flexo.expert
Um dos maiores especialistas de flexografia da Europa e idealizador do portal flexo.expert, Stefano D’Andrea foi convidado a palestrar, tema livre, em nome da Toyo Ink – uma das líderes globais em tintas de impressão e adesivos para laminação.
Ao comparar com outros processos analógicos de impressão, Stefano frisou a importância estratégica do anilox, que faz da flexografia o único processo de impressão do mundo que sabe antecipadamente o volume de tinta que será aplicado sobre a fôrma.
Complementarmente à visão de Frank Burgos, Stefano concentrou-se em três variáveis que, ao seu ver, constituem-se na receita de sucesso da impressão flexográfica: a deposição da camada de tinta, o ajuste da pressão de impressão e o volume de tinta no sistema em si.
Comentou que a FTA Europe vem trabalhando num manual de referências do processo flexográfico – o Flexo Best Practice Toolbox, recentemente publicado para iOS e, muito em breve, o será também na plataforma Android, à venda na Amazon.
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“Aumentando a performance da impressão e conversão através da inspeção avançada e da indústria 4.0”, por Dirk Lange, Isra Vision
O vice-presidente da Isra Vision, uma das líderes globais no desenvolvimento e fabricação de sistemas inteligentes de inspeção de impressos, Dirk Lange explanou como um convertedor pode criar valor mediante a aquisição de dados do processo em tempo real – dados estes que podem ser transformados em dashboards e suprir os gestores com informação necessária para a rápida tomada de decisão na fábrica.
Também atualizou a todos das mais recentes tecnologias de inspeção de filmes sem impressão em linhas de extrusão, capazes de, por exemplo, detectar a presença de géis, insetos, variações de brilho ou transparência e até mesmo desvios de cor. A mesma capabilidades está disponível no controle dos laminados e outros revestimentos como o coldseal.
Mas talvez o ponto mais alto da apresentação seja a visão da companhia em termos de integrar diferentes soluções, tornando-se literalmente um hub de informação no fluxo de trabalho do convertedor.
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“Configurando as chapas para imprimir em gama expandida”, por Jaime Agudelo, Kodak
Jaime Agudelo entrou escoltado por um Stormtrooper, da tropa de base do império galáctico personificado por seu general e jedi, Darth Vader (ao som da Marcha Imperial de John Williams). E apesar disso, não foi influenciado pelo lado negro da força.
Compartilhou de bom grado com o público a visão da Kodak (Miraclon) de como as chapas flexográficas podem contribuir para o sucesso da impressão em gama expandida. Um dos assuntos explanados com maior profundidade ao longo da palestra foi a real importância das retículas de superfície, aptas em atender diferentes situações de entintagem e densidades.
A formação do ponto, as diferentes abordagens de obtenção do ponto plano e a aplicabilidade das retículas híbridas também foram temas comentados por Jaime, que terminou sua fala mostrando em primeira mão aos presentes o sucesso da companhia na impressão de “luz”, anunciando que em breve os lightsabers (sabres de luz dos cavaleiros Jedi) poderão ser impressos em flexografia em larga escala. A impressão de componentes eletrônicos como baterias, antenas e acumuladores em flexografia vem crescendo significativamente em todo o mundo.
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“Indústria 4.0 x operador 0.4”, por Aislan Baer, ProjetoPack
A última palestra do evento foi proferida pelo diretor da ProjetoPack, Aislan Baer e teve dupla função: fazer um “fechamento formal” à primeira edição da Flexo Summit Latin America e provocar uma reflexão no público presente e, quiçá, no mercado flexográfico: o colapso da falta de mão-de-obra qualificada ao segmento.
Aislan aborda o fato de que, na verdade, a única variável do processo é o ser humano. É fácil encontrar um mesmo modelo de impressora, o mesmo fotopolímero (produzido pela mesma clicheria), a mesma linha de tinta etc., mas só há uma única chance de encontrar aquele impressor, auxiliar, colorista e assim por diante.
E, no entanto, as empresas não estão treinando os colaboradores adequadamente. Não estão contratando, remunerando ou mesmo criando um ambiente favorável às novas gerações – jovens formandos que estão ingressando no mercado de trabalho – e cujo interesse pela indústria é sensivelmente menor.
Em síntese, de nada adianta um olhar para a automação e a indústria 4.0, sem uma preocupação equivalente ou maior com a mão-de-obra. O melhor resultado possível será um apagão temporário – enquanto tudo não é definitivamente automatizado – que pode durar anos e impactar a vida de milhares de pessoas.