Nas ultimas décadas a pré-impressão e os profissionais a ela ligados, tem assistindo e participado de incríveis mudanças tecnológicas, ao qual vieram influenciar e modificar o próprio comportamento da indústria gráfica.
Para aqueles que possuem suas origens nos tempos dos fotolitos e prensas de contato, se, transportados ao passado, facilmente julgariam os dias de hoje como inimagináveis. Mas ainda assim, a genialidade inventiva do ser humano conseguiu o inimaginável. Na pratica mesas de luz foram substituídas por computadores e softwares que reduziram tempos de entrega e aumentaram a qualidade dos impressos a níveis impensáveis 20 ou 30 anos atrás .
O antigo Studio de Fotolito de repente se viu imerso em um universo que atendia pelos nomes de prepress, pré-impressão, repro, computação gráfica, preprint e por ai vai. De certa forma a evolução foi tão brusca que até mesmo a própria conotação da palavra Pré-impressão acabou perdendo um pouco de sua identidade. Mas se tão poucos anos foram responsáveis por mudanças tão profundas, o que esperar do futuro? Automação e commodities talvez? De certa forma sim, se consideramos que ambos já são em parte uma realidade.
Contudo o futuro e evolução da pré-impressão tem um freio. Para evoluir mais, a pré-impressão dependerá basicamente do desenvolvimento das tecnologias de impressão, e, dos custos de manutenção, sejam eles humanos ou tecnológicos.
De um forma simples podemos resumir que os investimentos feitos na pré-impressão nas ultimas duas décadas formam tão massivos para as empresas que hoje existe uma previa cautela e melhor avaliação frente a necessidade de investimentos. O know-how humano vem sendo posto de lado em favor da redução de custos e ou de estratégias de markenting em sobrepor a tecnologia em detrimento da experiência humana. As proteções trabalhistas e salários impactantes ao custo fixo, impulsionam empresas a buscar cada vez mais tecnologia para diminuir a influencia humana. Muitas empresas recorrem com o auxilio da internet, à alternativas em países de menor custo de remuneração e proteção trabalhista. Todos estes macro fatores impulsionam a pré-impressão digital a uma forte tendência de automação e consequentemente a uma macro standarização.
Sob o ponto de vista estritamente tecnológico, a pré-impressão hoje oferece em termos de ganho de qualidade, mais do que os sistemas de impressão convencionais possam de fato disfrutar. Os motivos dessas limitações são muitos. A impressão em si precisa combinar diversos elementos que, por si só são complexos, tais como; anilox, tintas, solventes, substratos, know-how, maquinaria, pressão, humidade, etc… O controle desses múltiplos elementos não é uma tarefa fácil, tão pouco é simples combinar o avanço tecnológico e custos de investimentos em maquinas impressoras que tem por objetivo ter uma vida útil de décadas, uma vez que seu investimento inicial situa-se na margem de milhões de reais.
É fato que a pré-impressão tem uma influencia muita representativa nesta equação, mas que na maioria das vezes não consegue ser plenamente explorada.
Nesta batalha tecnológica, limitada pela percepção de que a impressão não pode absorver plenamente e refletir os esforços que o mercado de pré-impressão exige, os investimentos as vezes buscam preencher outras lagunas para ofertar ao cliente impressor, normalmente, tempo e ou know-how.
É no aspecto tempo que a tecnologia busca hoje a via mais acessível, ou seja; automação, visando a efetivação máxima da produção. Junto a automação os desenvolvedores de softwares dão passos largos em direção para um maior entendimento e flexibilização das necessidades da pré-impressão, o que podemos sintetizar na expressão: customização tecnológica.
Nesta explosão tecnológica, as vezes esquecemos ou propositalmente deixamos de lado o fator humano e sua influencia, neste caso, podendo ser positivo ou negativo segundo o know-how envolvido. Computadores e softwares ainda não nos podem oferecer a solução completa, o julgamento humano amparado por suas experiências, capacidade de improvisação, criatividade entre outras das muitas capacidades humanas, ainda são uma importante e estratégica ferramenta para as empresas que buscam ou já tem destaque em seu mercado. Obviamente não deixamos a tecnologia como vantagem mercadológica, mas tecnologia se compra, know-how nem sempre.
Dessa forma o caminho futuro da pré-impressão, enquanto existirem maquinas impressoras convencionais, será composto na verdade por uma inversão de valores, ou seja, sob um ponto de vista objetivo e simples, no passado a pré-impressão dependia quase que totalmente de Know-how com pouca tecnologia envolvida, atualmente e no futuro, a Tecnologia cada vez mais irá se sobrepor ao Know-how. Esta visão simplista é obviamente uma visão macro sendo a visão estratégica de cada empresa a que determinará de que forma ela pode-se diferenciar junto o cliente.
A pré-impressão contudo terá em um futuro longínquo, quiçá talvez um fim melancólico. Seu destino esta vinculado as tecnologias de impressão, dessa forma, não é difícil imaginar um mundo futuro onde a impressão digital será comum e amplamente difundida entre impressores de flexografia e rotogravura. Neste hipotético mundo futuro a pré-impressão perderá sua relevada influencia atual, tornando-se uma tecnologia de baixo custo e acesso comum. Resta saber se ou quando as barreiras da física e principalmente os interesses econômicos permitirão este avanço tecnológico na impressão.
Autor: Roberto Brandi