Liliam Benzi* participou do Brasil em Código a convite da GS1 Brasil.
Desde 2015, a GS1 Brasil (www.gss1br.org) divulga, durante seu mega evento anual – Brasil em Código, os resultados de uma ampla pesquisa que monitora as tendências de mercado brasileiro relativas à cadeia produtiva e suas conexões, desde a indústria até o consumidor final. O estudo é dividido em duas frentes – Consumidores e Empresas – e a edição 2018 foi realizada entre os meses de maio e junho.
“A pesquisa Consumidores traz uma visão de como o brasileiro tem utilizado a tecnologia a seu favor para buscar a melhor relação de consumo e como isso influencia em seus hábitos e nas tomadas de decisão. Em paralelo, a frente Empresas tenta entender que ações têm sido tomadas e o que tem sido priorizado para atender a esse consumidor que está cada vez exigente e mais ávido por informações”, explica João Carlos de Oliveira, presidente do GS1 Brasil. Com isso, a entidade acaba divulgando as principais tendências que irão impactar não só o varejo, mas a indústria nacional.
A pesquisa de 2018 identificou que as pessoas – de todas as idades e em todos os mercados – estão construindo suas próprias identidades mais livremente do que nunca. Os consumidores cada vez mais escolhem que produtos e serviços comprarão e com que marcas se identificam mais, tendo como base seus valores e estilo de vida.
“Ao buscarem informações sobre produtos e marcas, estes consumidores acabam tecendo uma rede não linear: navegam em vários sites, vão até as lojas físicas, podem voltar para o online ou para o celular e podem repetir estas trajetórias algumas vezes, criando diversos momentos de escolhas”, pontua Oliveira.
A pesquisa da GS1 demonstrou que os consumidores brasileiros utilizam, em média, três canais diferentes para buscar informações, sendo os mais utilizados: internet (75%), aplicativos (37%) e redes sociais (37%). Neste último, eles consideram a opinião e a experiência de outros internautas para decidir sobre um determinado produto.
O poder do celular
Toda essa mobilidade transformou o smartphone em um centro de informações que acaba criando um consumidor omnichannel, que transita livremente e confortavelmente entre os canais online e offline. E é aí que reside a oportunidade para as marcas criarem um diálogo mais forte com seus compradores, influenciando-os na tomada de decisão baseada em informações sobre seu comportamento.
A pesquisa identificou que mais de 80% dos consumidores já usam o smartphone para buscar informações sobre os produtos, mesmo que eventualmente. As buscas vão desde a comparação de preços (92%) e acompanhamento do prazo de entrega do e-commerce (91%) até a composição dos produtos (85%).
Mas apesar da procura por informações ser descentralizada, a compra ainda tem um caráter pessoal o que justifica o fato de 68% dos consumidores ainda preferirem a compra presencial. Segundo o Presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, “o que determina a preferência pelo canal online ou físico é, na maioria dos casos, o produto que está sendo buscado. Itens de maior valor agregado tendem a ser buscados online, já no caso de alimentos frescos como pães, frutas e verduras, a preferência é pela compra na loja.”.
E a embalagem não fica de fora neste cenário de conectividade. Cresce a atenção que a indústria e o varejo dão a tecnologias emergentes ligadas a embalagens inteligentes e a padrões de acesso a informações adicionais. O consumidor também se atenta às embalagens inteligentes como uma forma de conseguir informações básicas, mas essenciais, sobre o produto – data de validade, receitas, disponibilidade em estoque, etc.
Assim, as marcas precisam estar atentas às novas formas de interação entre produtos e consumidores e a embalagem pode fazer esta conexão ao monitorar e oferecer dados sobre a trajetória do produto em toda a cadeia de suprimentos. Esta demanda é ainda maior – 78% dos entrevistados – quando os itens em questão são alimentos e medicamentos.
Empresas preparadas
Com o aumento da preocupação das pessoas com o que consomem, muitas empresas já investem em soluções para avançar na qualidade de dados sobre seus produtos. Estas empresas já entenderam a importância de uma informação padronizada em todos os elos da cadeia de suprimentos.
“Contudo, ainda há problemas decorrentes da inconsistência no cadastro”, lembra João Carlos de Oliveira, Presidente da GS1 Brasil. Segundo ele, cerca de 30% das empresas entrevistadas no estudo do órgão enfrentam compras e carregamentos emergenciais gerados por erro no cadastro dos produtos; 26% delas reportaram atrasos na entrega para o varejo/distribuidor pelo mesmo motivo.
Mas todas concordam: um dos principais temas da transformação digital é o big data, ou seja, um grande volume de informações que pode trazer direcionamentos para a precificação, racionalização das operações e maior integração na experiência omnichannel. Mas as empresas precisam entender que a disponibilidade dos dados não garante a assertividade da informação.
Para que o consumidor possa transitar livremente, o fluxo de informações deve acontecer sem costuras; é preciso lembrar também que o impacto da falta de qualidade das informações permeia toda a cadeia. Os erros mais comuns são duplicidade de produtos e erros de pedido de compras, divergência da informação entre a área de vendas e as demais áreas da empresa, estoques virtual e físico desatualizados, além de problemas no gerenciamento de categorias e ruptura de gôndola.
O estudo da GS1 Brasil apontou que os setores alimentício, industrial e de saúde já adotam ações diferenciadas para garantir a qualidade das informações na cadeia. Quase 90% das empresas do setor de alimentos, por exemplo, têm o controle da data de fabricação e da validade dos produtos, No setor industrial, 75% das empresas identificam os produtos no cadastro de forma única e também identificam as empresas que recebem seus produtos. E na área de saúde, 87% exigem a rastreabilidade até o ponto de venda.
Conscientes dessa necessidade, algumas empresas identificaram pontos estratégicos de atuação para se prepararem para o futuro e já traçaram um plano de trabalho para esses pontos nos próximos dois anos. 62% das empresas entrevistas, por exemplo, já estão se preparando para ter uma infraestrutura para integração de todos os canais de venda e comunicação; 54% acreditam na importância de ter uma estratégia clara da diretoria para a integração das informações; e 53% preparam a empresa para atuar em todos os canais de venda e atendimento.
A integração de dados de produtos em toda cadeia se mostrou estratégica para 46% dos entrevistados. Ainda segundo a pesquisa, 77% das empresas consideram que os padrões da GS1 contribuem para a inovação e que no Brasil, hoje, 88,5% dos produtos já são vendidos com códigos de barras.