Recentemente, seguimos com mais uma entrevista do nosso podcast. E, mantendo o protocolo, aproveitamos o vídeo para o formato webcast em nosso canal do YouTube (convidamos a todos para se inscreverem em ambos, links ao longo da postagem.
Foi a primeira entrevista com um representante de máquinas impressoras do sistema offset – a Heidelberg do Brasil, subsidiária da Heidelberg Druckmaschinen (o maior fabricante de máquinas offset do mundo) – na pessoa da sua presidente, Silvia Montes.
A indústria de impressão offset tem, na maioria das pesquisas setoriais, apresentado contração ou, na melhor das situações, uma taxa de crescimento anual inferior à metade de outros sistemas como a flexografia e a impressão digital, de forma geral.
Apesar dos números não tão otimistas quanto outros sistemas de impressão, a offset segue ainda como o maior de todos os sistemas em participação de mercado. E passa também por profundas transformações – não apenas para enfrentar o encolhimento gradual das tiragens (e das margens de lucro auferidas com impressos gráficos), mas também para resistir às mudanças nos hábitos de consumo da informação, onde uma parcela significativa tem migrado para a mídia eletrônica.
No epicentro destas transformações, a Heidelberg fez um movimento que gerou estranheza do mercado gráfico – a venda da Gallus, a sua divisão de máquinas para impressão e conversão de rótulos e etiquetas. Conforme nos explica Silvia Montes, foi “um reposicionamento estratégico” para atribuir foco total ao core business da companhia (e injetar um pouco de liquidez no caixa, claro). Mesmo com a venda da Gallus, mantém-se a parceria e o fornecimento do módulo digital para a linha LabelFire.
Diferentemente de boa parte dos entrevistados, a Heidelberg acredita no desenvolvimento das máquinas impressoras híbridas, bem como na complementaridade de oferta entre sistemas diferentes – afinal, “é a natureza do seu cliente, produto e aplicação que são determinantes na escolha de um certo equipamento ou sistema”.
Com Silvia Montes e a Heidelberg, aprendemos que:
- Há uma tendência de substituição gradual dos produtos impressos em offset rotativa para offset plana, majoritariamente em função do encolhimento das tiragens e aumento da segmentação dos produtos;
- Esta situação crítica de lotes cada vez menores e multifacetados impele a indústria de máquinas offset a responder com tecnologia de ponta para otimizar os setups, as paradas e prover uma eficiência global do equipamento o mais alta possível (OEE). Como efeito colateral, máquinas mais eficientes acabam impactando, de alguma forma, no número de máquinas vendidas;
- O nível de cobrança do mercado por máquinas impressoras offset mais eficientes é tão grande que a Heidelberg otimizou, ao longo dos anos, os pontos de interação em uma máquina de 23 para 3. Um setup médio requeria dispunha de 500 folhas e hoje, é conduzido com menos de 50. Será que atingimos, de fato, o limite da eficiência neste sistema? Parece que não, mas a olhos vistos a offset está alguns anos a frente de outros sistemas analógicos no âmbito da automação;
- Assim como os demais entrevistados, o reforço da receita advém do aprimoramento dos serviços e da venda de consumíveis. No que se refere aos serviços, a capacitação dos clientes (mais de 2 mil clientes ativos) para extraírem a maior eficiência possível de suas impressoras é o pináculo desta estratégia;
- Alguns mercados sustentam o crescimento do sistema offset. O principal deles é o de embalagens, em parte por conta da pressão mundial por soluções mais sustentáveis (a substituição de certos plásticos por papel e papel cartão). Outro nicho importante são os rótulos In-Mold Label, onde a offset se apresenta como solução bastante interessante;
- Em comparação com outros fabricantes, a Heidelberg investe uma parcela relevante de tempo e recursos na integração de sistemas de software variados com os seus equipamentos e nos protocolos proprietários de comunicação entre as suas impressoras. Esta tendência de automação geral dos fluxos de trabalho permeia o sistema offset e deve aprofundar-se, com o aumento das atividades de comércio eletrônico e B2C;
A conversa com a Heidelberg aponta, de acordo com a nossa percepção, que até mesmo mais do que a rotogravura, há ainda muita coisa a ser feita na indústria da offset. O sistema é versátil, é complementar e, mesmo em face aos avanços do digital, têm grande aplicabilidade e viabilidade econômica em certas tiragens, mercados e produtos. Evidentemente, é uma “dança das cadeiras” onde a empresa mais visionária (que antecipa a necessidade dos clientes), mais competitiva em custos e com a gestão financeira mais sólida deve prevalecer. Talvez não seja a toa que, pelo menos no Brasil, o background da sua presidente seja precisamente mais preponderante na área econômico-financeira.
Se você prefere ouvir a entrevista, corre lá e já se inscreve no podcast PackCast no link:
Publicado por:
Aislan Baer Fundador e CEO da ProjetoPack & Associados; Co-fundador da Inovagraf; Especialista em impressão e embalagens.