Esta semana, seguimos com mais uma entrevista do nosso podcast. E, mantendo o protocolo, aproveitamos o vídeo para o formato webcast em nosso canal do YouTube (convidamos a todos para se inscreverem em ambos, links no fim da postagem.
Foi a primeira entrevista de um fabricante de máquinas impressoras digitais para banda larga (embalagens) e estreita (rótulos e etiquetas) – líder mundial em número de instalações, com aproximadamente 2 mil máquinas em todo o mundo e quase 50 delas no Brasil. Falamos com a HP na pessoa de seu gerente de categoria para a América Latina, André Costa.
Evidentemente, sistemas outros como jato-de-tinta também estão se aperfeiçoando a cada dia, a escala de impressos digitais tem subido e, com isso, há uma “commoditização moderada” que leva empresas como a própria líder HP a repensar seu modelo de negócios e atribuir mais peso ao “serviço”.
Em um bate-papo despojado, André dividiu conosco a visão da companhia para os segmentos de embalagens flexíveis e rótulos, bem como a forma com que a empresa espera adicionar valor em simbiose com os seus canais de vendas.
Com André e a HP, aprendemos que:
- O Retorno Sobre o Investimento da impressão digital é ainda uma zona cinzenta e depende de cada caso, perfil de cliente, tiragens, segmentação de produto e nicho de atuação. Talvez os aspectos mais importantes desta conta sejam o “custo de oportunidade” de não produzir certos produtos aos clientes (capturando demanda aos sistemas analógicos ou impedindo o concorrente de aumentar a participação na conta) e os ganhos indiretos em “desonerar as impressoras analógicas” de tiragens muito curtas ou extremamente segmentadas, o que derruba a produtividade (OEE) sensivelmente;
- Há uma preocupação constante dos convertedores entre expectativas de custos e a realidade. Um cenário que, com a desvalorização cambial, torna as coisas ainda mais tensas: spare parts, reparos, tinta, primer, seguro… a forma como a HP encontrou de lidar com isso junto ao seu canal principal, a Comprint, é reforçar o serviço e fazer com que os clientes imprimam o mais produtivamente possível, diluindo este impacto ao máximo. Surgem iniciativas como o kit para reduzir o tempo de troca de ferramental ou reparo, o aperfeiçoamento dos reparos remotos e o constante treinamento do cliente;
- A versatilidade do sistema de impressão da HP é um ponto forte e convergente com as necessidades dos donos das marcas, que querem cada vez mais soluções “one-stop-shop”: fornecedores aptos a entregarem rótulos autoadesivos, in-mold label, shrink sleeves e pouches, por exemplo – algo que acaba sendo limitante, em alguns casos e para algumas tecnologias;
- A HP segue investindo em pesquisa e desenvolvimento para que novas séries de máquinas como a “V12” possam responder competitivamente (especialmente em velocidade, algo que as tradicionais inkjet já performam há bastante tempo) a tiragens maiores do que a zona que permeia os 1.500 – 2.000 metros lineares. Estes equipamentos, cedo ou tarde, devem passar a ocupar novas instâncias de tiragem da flexografia;
- Embora não haja uma iniciativa por parte da HP, segundo André, de estimular a compra de impressoras digitais aos donos das marcas, é possível que a facilidade dos sistemas digitais (plug and play, como dizem) e os desdobramentos de parcerias em acabamentos e formatação de flowpack e pouch acabe impelindo alguns donos de marcas, em alguns segmentos, a se tornarem parcialmente verticais e poderem usar o equipamento, se não promocionalmente, mas como laboratório em alguns casos específicos. Isso, o tempo nos dirá;
- Para embalagens flexíveis, o verdadeiro impulso da impressão digital não é tecnológico, mas econômico. Em certas empresas com portfólio amplo de produtos, ter um estoque mínimo de material de embalagem impresso em rotogravura ou flexografia pode ter um impacto contábil e financeiro considerável. Reduzir ou até mesmo zerá-lo por conta da produção de embalagens just-in-time (impressão + laminação “PackReady e acabamento) justifica em grande parte dos casos, um preço premium por quilograma de embalagem.
Ao fim da conversa e como de praxe, falamos sobre fatores de sucesso – desta vez para o digital e sobre o prisma do cliente. A HP foi categórica: há muita oportunidade à vista, não só nos donos das marcas líderes, mas nos pequenos e médios produtores de bens de consumo, que oferecem diferenciação. E diferenciação é algo convergente com sistemas que podem imprimir de forma versátil, em lotes econômicos e absolutamente personalizados, como é o caso da eletrofotografia digital (antes que nos esqueçamos, alguns também chamam o sistema de “offset digital”).
Como a Comexi, Nilpeter e Etirama, a HP também percebe que serviço é o fator chave para conter o avanço dos sistemas e empresas concorrentes. E, provavelmente, esta percepção até agora comum dos fabricantes de máquinas em geral, deve trazer benefícios relevantes às gráficas e convertedoras, desde que haja um relacionamento mútuo de confiança e parceria – algo que, em nossa modesta opinião, os tempos de pandemia vieram para ensinar justamente a importância de tratar os fornecedores como co-participantes no crescimento da sua empresa.
Se você prefere ouvir a entrevista, corre lá e já se inscreve no podcast PackCast no link:
Publicado por:
Aislan Baer Fundador e CEO da ProjetoPack & Associados; Co-fundador da Inovagraf; Especialista em impressão e embalagens