Este foi o tema central de um dos eventos mais disruptivos do setor de embalagens plásticas flexíveis em 2018: o Fórum Flex da ABIEF. Esta 9ª edição foi pensada com base em uma urgência do setor: discutir – e se possível prever – os rumos dessa indústria. Uma indústria que precisa se inserir em um contexto de consumo de alta mobilidade, altamente conectado e cujas relações passam, de alguma forma, pelo mundo digital.
Daí a escolha deste tema central para 2018. A partir das apresentações de feras como os pensadores digitais Martha Gabriel e Gustavo Reis, ficou fácil contextualizar a indústria de embalagens plásticas flexíveis neste universo. Outros especialistas como Maurício Stellato (Sonda) e Fabio Buckeridge (Braskem – patrocinadora do Fórum Flex) apresentaram as ferramentas do mundo digital disponíveis para o B2B. O pano de fundo para entender o setor e localizá-lo no universo petroquímico e da transformação, foi dado por Solange Stumpf, da Maxiquim.
E ficou claro que os empresários deste setor – e de todos os outros – não podem mais fechar os olhos para a disrupção digital nos negócios. Além disso, é preciso entender, urgentemente, como as ferramentas de marketing digital – e-commerce, por exemplo – podem e devem ser inseridas no dia a dia desta indústria.
Como salientou o moderador do evento, Aislan Baer, da Projeto Pack, “O Flex deu aos participantes a possibilidade de ouvir pessoas de outros mercados, de outras áreas, e trouxe um novo mindset que, sem dúvida, agregou conceitos inovadores e extremamente positivos.”
No encerramento do evento, Aislan chamou atenção ainda para a tendência dos empresários do setor de fazerem sempre o mesmo. “Como consultor, me dei conta de que sempre que discutimos algo ligado a inovação neste setor, existe uma desculpa muito comum de que o nosso mercado é B2B e não B2C. Contudo, acho que o Fórum Flex da ABIEF deixou claro que não existe mais essa dicotomia entre B2B e B2C. Afinal, são pessoas que precisam ser convencidas sobre este novo modelo mental. Isto porque, toda a sistemática do processo e todas as áreas da empresa são geridas por pessoas. Assim, as mudanças dependem dos seres humanos.”
Outro ponto levantado pelo consultor e, segundo ele, um dos mais críticos e importantes, é a inovação no modelo de negócios. “Nossa indústria tende a ser muito tecnicista. Ela é muito ligada a inovação em relação a insumos ou máquinas, mas muito pouco ligada a inovação no modelo de negócio.”
Aislan lembra que muito já mudou. Segundo ele, antigamente inovação tecnológica era secundária; hoje é default. Contudo, o Fórum Flex deixou claro que o grande desafio agora é mudar o modelo mental, observando – e incorporando – as novas práticas digitais para montar estratégias que, de alguma maneira, coíbam o impacto negativo da não inclusão digital nos negócios das empresas.
“Cada dia é mais difícil obter lucro em uma empresa só pelo diferencial tecnológico. Logo, só existem duas maneiras de lucrar: olhando o próprio negócio e mudando, de forma disruptiva, seu modelo”, afirma Aislan. Para ele, ficou claro ainda que todas as palestras do Fórum Flex tiveram um elemento comum: tecnologia e digital só funcionam com o ser humano, com a cultura. E mesmo que as empresas atinjam esta sincronia e o cérebro humano atinja o mesmo nível do cérebro `positrônico´ (conceito científico ficcional desenvolvido nos livros do autor estadunidense Isaac Asimov para a composição de cérebros artificiais para robôs pensantes), ou seja, quando a máquina fizer tudo o que os homens fazem, sempre haverá um diferencial: a criatividade humana.
Isto nos faz ter a certeza de que as empresas precisam, mais do que nunca, investir no treinamento de talentos, no fomento de uma cultura de inovação e de uma cultura de criatividade. “Caso contrário, teremos colaboradores autômatos à mercê de um mercado que não controlamos”, sintetiza Aislan.
E este cenário digital, de conectividade e disrupção com modelos antigos, reforça um atributo cada dia mais importante da embalagem: o de ser uma mídia poderosa e a única a ser acessada voluntariamente pelo consumidor. Como a embalagem é vista como parte do produto, ela é a única mídia que não se dissocia do mesmo. As demais são suporte para vender o produto; a embalagem é o produto e, na maioria dos casos, inovar um produto é muito mais caro e leva muito mais tempo do que inovar uma embalagem.
A embalagem já é – e será cada vez mais – um fator decisivo para a compra, principalmente de produtos commodity. Mas, se a indústria de embalagens não mudar seu mindset, este ponto de contato com o consumidor será perdido ou enfraquecerá, resultando em perda de competitividade. É preciso quebrar o paradigma de que os recursos e o pensamento digital não se aplicam ao B2B para conseguir conectar-se ao consumidor final pelo modelo atual, ou seja, o digital. Também é preciso valer-se de todas as informações que as ferramentas digitais disponibilizam para o B2B para entender melhor este novo consumidor, chegando nele de forma mais assertiva e no momento mais oportuno.