Acho que todos nós temos prestado atenção, nos últimos anos principalmente, ao crescimento do conceito HCI – do inglês “Human-Computer Interaction”, ao qual os sistemas computacionais saíram das aplicações comuns e passaram a integrar cada vez mais os objetos presentes no dia-a-dia.
Do aspirador de pó inteligente que ao mesmo tempo em que dá uma geral na poeira, vigia o cachorrinho da família até a cafeteira que se auto gerencia e prepara o café quentinho pouco antes do consumidor chegar em casa do trabalho, presenciaremos tudo cada vez mais inteligente e conectado (sugerimos acompanhar as palestras de Gil Giardelli e Martha Gabriel sobre o tema).
Como toda tecnologia nova, criam-se novas oportunidades para que as marcas possam se comunicar com consumidores e proporcionar a eles experiências e momentos únicos, assim como há o efeito contrário – e a sobrecarga informacional advinda do excesso de interação pode causar desconforto, se mal trabalhada.
Uma das coisas da nossa rotina que tende a ser cada vez mais conectada é a embalagem. Já dedicamos duas edições inteiras da ProjetoPack em Revista ao setor de SmartPackaging & SmartLabels, e sequer arranhamos a superfície desse tema tão complexo e sofisticado.
Microprocessadores, sensores, atuadores e chips wireless que suportam o intercâmbio de dados podem ser embutidos, laminados ou mesmo diretamente impressos (revestimentos funcionais, outro assunto que “dá pano para a manga”) nas embalagens, criando literalmente uma extensão de interface com o usuário – um encontro do consumidor e a marca que extrapola as fronteiras sensoriais comuns (tato, olfato, visão, audição e, com o advento das chamadas “edible packaging” – as embalagens comestíveis, até mesmo o paladar) e vai para a interatividade no meio digital.
Uma das tecnologias, no entanto, se destaca: a NFC – Near Field Communication – como ponto de alavancagem das embalagens inteligentes. Ainda mal sabemos todo o potencial e aplicações possíveis das embalagens baseadas em NFC. Espera-se que até o fim deste ano, a indústria de embalagens NFC atinja uma receita de vendas na ordem de 24 bilhões de dólares.
Campos férteis para a adoção de NFC incluem ações promocionais, com a interação em tempo real da embalagem e do smartphone do consumidor, pagamentos (o que converge com a tendência do varejo de migrar para lojas de autoatendimento) e proteção das marcas, com a rastreabilidade de matérias-primas e fornecedores da cadeia.
Também já mencionamos que esse crescimento esperado não passa desapercebido pelas gigantes da embalagem. Grande parte das start-ups de sistemas inteligentes para embalagens já foram adquiridas pelos líderes de embalagem e rótulos globais, tais como Amcor Bemis, CCL Industries e All4Labels, ou pelos fundos de investimento mais representativos do setor.
Como diria Ben Parker, tio do Homem-Aranha: “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. Também não nos espantemos quando, no bom estilo “Black Mirror”, encontrarmos no noticiário as primeiras ocorrências de “Pack Hacking”, com a suscetibilidade de alguns sistemas inteligentes, que precisarão ser constantemente atualizados, monitorados e aperfeiçoados.
Quais são todas as aplicações possíveis do NFC para embalagens e rótulos? Essa questão a gente explora mais adiante, juntos, em mais uma edição do Infopack aqui na plataforma. Até lá!
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Aislan Baer Fundador e CEO da ProjetoPack & Associados; Co-fundador da Inovagraf; Diretor da IDEAlliance Latin America.