Há alguns dias, a Bonafont – uma “marca de água” controlada pela Danone, passou a vender embalagens produzidas com PET reciclado e anunciou o fim dos rótulos do tipo roll label em algumas de suas garrafas do portfólio.
A ação é parte de uma campanha da empresa para entregar arrojadas metas de sustentabilidade até 2025, reduzindo o uso de plásticos nas embalagens dos seus produtos.
Esta decisão foi tomada com base em três pilares: o de recolher e reciclar 100% do volume de plástico colocado no mercado; o de reduzir o teor de plástico “virgem” em suas embalagens (alcançando 50% de rPET, o PET reciclado pós-consumo) até 2025 e 100% até 2030; e, por fim, incentivar a adoção de galões retornáveis – a linha Bonafont Re.torna, potencializando a sua disponibilidade no Estado de São Paulo.
Se tudo correr conforme o esperado, a Bonafont espera que já em 2020 (estamos há poucos meses do fim do ano), a empresa se torne “plástico positiva”; isto é, que recicla 100% do plástico usado em seus produtos. Até 2025, ter-se-á 1 bilhão de garrafas a menos em circulação – um número que se tornou o motto da campanha.
Já se pode encontrar no varejo a recém-lançada garrafa de 1 litro, nomeada de “garrafa manifesto”, que levará a marca Bonafont em relevo na própria garrafa. O código de barras, necessário no registro da compra, segue impresso em dados variáveis na tampinha.
Um benefício indireto esperado pela empresa é que, com a retirada do rótulo das garrafas, o processo de reciclagem seja favorecido, uma vez que as cooperativas e catadores de lixo autônomos precisam retirá-los antes de reciclar as garrafas PET.
“Chegar até aqui não foi fácil. Tivemos entraves em todos os elos da cadeia, desafios no mercado de reciclagem, desafios em suprimentos, questões de engenharia de fábrica, regulamentação, design e a definição da melhor mensagem para o consumidor, pois mais do que uma empresa de águas, queremos poder impactar positivamente o meio ambiente e a vida dos consumidores”, disse em comunicado Erica Migales, diretora de marketing da divisão de águas Danone Brasil.
Resta ver se as embalagens sem rótulo conseguirão entregar a oferta de valor a todos os públicos ou se a estratégia de sustentabilidade (o tripé citado) da empresa precisa ser adequado a cada situação de consumo. Talvez, o investimento ao longo do tempo na diferenciação da icônica cor “salmão” das garrafas Bonafont tenha facilitado o processo. A iniciativa pode suscitar uma busca mais fervorosa de outros fabricantes por diferenciação na pigmentação e no design das suas garrafas? Possivelmente.
Esta notícia é aquele farol vermelho para a indústria convertedora, sutil mas importante. É bom colocar no SWOT. O ambiente agradece, a indústria de BOPP e conversão, talvez não tanto. Reinventar-se sempre.
FONTE:
Aislan Baer Fundador e CEO da ProjetoPack & Associados; Co-fundador da Inovagraf; Especialista em impressão e embalagens.
Uma resposta
O Rótulo também serve para informar o consumidor e tivemos atualizações bem rígidas recentemente quanto a legibilidade dos rótulos. Embora todo mundo pense que é apenas água, ela carrega bastante informações sobre características físico-químicas e valores registrados pelo laudo “LAMIN” feitas pelo DNPM. Se essas informações em alto relevo forem feitas pelo próprio molde que sopra a pré-forma de PET, será necessário alterar o molde a cada nova análise e valores alterados da água.
Mas de qualquer forma a proposta é interessante e um case pra dar um START nessa conscientização.