Em época de debate político, temas como a misoginia e o machismo vem à tona. Um dos motivos é bastante óbvio: segundo o Tribunal Superior Eleitoral, as mulheres representam 52% do eleitorado brasileiro. Estar bem com elas é aumentar as chances de sucesso, para qualquer candidato. É bem verdade que, embora representem a maioria dos votos, menos de 10% das cadeiras na Câmara dos Deputados são ocupadas por parlamentares do sexo feminino. Exatas 45 deputadas têm a tarefa de representá-las, o que é, no mínimo, triste.
Aos poucos, as mulheres vem conseguindo mais espaço no mercado de trabalho, embora seja uma tarefa árdua (muitas vezes, de dupla jornada: trabalho corporativo e trabalho doméstico, cuidando da casa e dos filhos, por exemplo) e morosa.
Algumas áreas, no entanto, têm sido majoritariamente ocupadas e lideradas por mulheres. A última pesquisa do Bureau of Labor Statistics já apontava que, em meados de 2005, mais de 57% dos analistas de notícias, repórteres e correspondentes nos EUA eram mulheres (incluindo os âncoras do telejornalismo). Desde então, este número aumentou. As mulheres encontraram solo fértil no Jornalismo. O mesmo tem ocorrido com a área de Relações Públicas e o Direito.
Mark J. Penn e E. Kinney, autores do livro “Microtrends: The small forces behind tomorrow’s big changes” (2008, Best Seller Ltda.) já apontavam que as mulheres tem obtido êxito em profissões ligadas à palavra, deixando, nas palavras dos autores, “o combate físico principalmente para os homens e aceitando o combate verbal, que é tão decisivo em democracias pacíficas”. Evidentemente que as mulheres também estão ocupando seu espaço em outras áreas (e devem) predominantemente masculinas – mas isso ainda ocorre muito pouco no nosso segmento: o de Embalagens e Impressão.
Tente lembrar agora quantas mulheres estão à frente das maiores indústrias gráficas e de embalagens no Brasil e no mundo? Provavelmente, a maioria não lembrou de um só nome.
Quando se pensa no público feminino em nossa área, estão infelizmente ocupando posições secundárias – quase sempre no controle da qualidade, no acabamento (a foto retrata, portanto, que isso ocorre há tempos), nos recursos humanos, vendas e, com muita sorte, na área de engenharia ou no marketing e desenvolvimento, do lado da cadeia compradora, os donos das marcas. Quando estão na produção, via de regra ocupam papéis como o de coloristas, uma vez que as mulheres tem acuidade visual para cores maior que a dos homens.
A pergunta que temos que nos fazer é: “Se as mulheres tem mostrado competência para assumir com propriedade profissões ligadas à comunicação – e a embalagem é a mídia do futuro – por que não há mais mulheres em posição de liderança no setor?”
No Reino Unido, um grupo de mulheres se organizou e montou uma associação – a WIP&M (Women In Packaging and Manufacturing), buscando uma participação maior das mulheres no setor, dentre outros temas críticos. É provável que iniciativas como esta vão ocorrer em maior grau e intensidade, não apenas no Reino Unido, mas em todo o mundo.
Como você acredita que o setor gráfico e de embalagens seria impactado, com uma maior participação das mulheres em cargos gerenciais e estratégicos? Qual ou quais seriam os desdobramentos possíveis na natureza do produto final, a embalagem e o impresso?
Comente aqui no artigo, será bem positivo ouvir a sua opinião. Espero que a leitura seja leve e ajude a pensar fora da caixa. Grande abraço!
Aislan