A flexografia é um sistema de impressão direto e rotativo, bastante popular e versátil – que se utiliza de clichês em relevo, que recebem tinta e a transferem para a superfície a ser impressa. Apenas para ilustrar, é um princípio similar a um “carimbo”, mas envolve inúmeras variáveis e é altamente sofisticado.
Como os clichês flexográficos são utilizados na impressora?
Os clichês em relevo são afixados em cilindros ou camisas chamadas ‘porta-clichês”, em sua maioria com a utilização de fitas adesivas dupla-face. De um lado, a fita se adere ao verso da chapa e, do outro, à superfície do porta-clichê.
Existem novas tecnologias que dispensam o uso da fita adesiva dupla-face, onde o próprio porta-clichê tem propriedade adesiva.
Além de manter a chapa presa ao porta-clichê, a fita dupla-face cumpre outras funções, sendo a principal delas suavizar a pressão de impressão e amortecer o impacto sofrido pela chapa a cada giro do clichê. Quando mais suave e atenuada a pressão, menor o “esmagamento” dos pontos e linhas finas gravados na chapa.
O que acontece se o impressor pressionar demais um clichê?
O esmagamento excessivo distorce as imagens, aumenta o tamanho original dos pontos (o que chamamos de “ganho de ponto” ou TVI, do inglês Tonal Value Increase), cria contornos indesejáveis (que o mercado costuma apelidar de “squash”, uma onomatopéia para o barulho do esmagamento do clichê com a tinta) e prejudica a qualidade da impressão flexográfica.
Como os clichês flexográficos são entintados durante o processo?
A tinta é dosada para a superfície dos clichês mediante um cilindro ou camisa gravada – o anilox – coração do processo flexográfico. O anilox possui milhares de alvéolos gravados, que se preenchem de tinta a cada giro do cilindro, transferindo com exatidão a quantidade ou camada de tinta desejada para cada clichê e cor correspondente.
A tinta em excesso no anilox é eliminada pela ação de raspagem de uma lâmina ou conjunto de lâminas metálicas ou de material plástico posicionadas de maneira específica, geralmente em um estojo ou câmara que encapsula (retém) a tinta insuflada de um reservatório por uma bomba. As lâminas que retiram o excesso da tinta do anilox são chamadas também de “doctor blade”.
Grande parte do sucesso da flexografia está na escolha correta dos atributos do anilox (lineatura e volume dos alvéolos) para cada cor, em função das características da arte ou design original que se deseja imprimir (traços, chapados, retículas e combinações de áreas sólidas e reticuladas). Manter o anilox íntegro (sem riscos ou batidas) e limpo também é um grande desafio a quem imprime em flexografia.
O que se imprime em flexografia?
O sistema de impressão flexográfico foi originalmente desenvolvido para a impressão de todos os materiais para produção de embalagens, o que inclui o plástico, papel, folha de alumínio, cartão e papelão ondulado.
Todavia, se pode imprimir praticamente qualquer coisa em flexografia. Existem empresas que imprimem tecidos, chapas rígidas, celulose pré-moldada, componentes eletrônicos, forração de gôndola e por aí vai. Todos os dias, empresas descobrem novas e empolgantes aplicações para a flexografia.
Quais são os tipos de impressora flexográfica existentes?
Existem basicamente quatro tipos de modelos de impressoras flexográficas: tambor central, stack, modular e plana.
A maneira como cada grupo impressor flexográfico se posiciona em relação aos demais grupos (também chamados de “decks” ou estações) na máquina impressora acaba ditando para quais mercados a máquina é mais apta a imprimir.
Máquinas planas geralmente imprimem chapas de papelão ondulado. Máquinas de tambor central, embalagens flexíveis e rótulos. As máquinas modulares, rótulos e etiquetas e impressoras do tipo stack, sacaria simples.
Que tinta se utiliza na impressão flexográfica?
A flexografia imprime com diferentes sistemas de tintas: a base de solventes, a base de água e as tintas curáveis por ultravioleta ou feixe de elétrons.
Os diferentes sistemas exigem, portanto, impressoras também específicas, com estufas finais e pré-secagem (secagem entre cores), estações de cura com lâmpadas ultravioleta ou sofisticadas unidades de cura por irradiação de elétrons.
Controlar as propriedades das tintas do início ao fim do processo é mais um grande desafio para a flexografia. Por este motivo, existem profissionais dedicados a este tema e que auxiliam os impressores nesta tarefa: os preparadores e os coloristas.
Eles são corresponsáveis pelo acerto das cores das tintas para os padrões de impressão exigidos pelos clientes e a manutenção de propriedades das tintas como a secagem e a viscosidade ao longo da impressão.
O impressor conta ainda com acessórios importantes como o viscosímetro automático e sistemas inteligentes de visualização por câmera de vídeo, que escaneiam o impresso em tempo real em busca de defeitos variados.
Eles são corresponsáveis pelo acerto das cores das tintas para os padrões de impressão exigidos pelos clientes e a manutenção de propriedades das tintas como a secagem e a viscosidade ao longo da impressão.
O impressor conta ainda com acessórios importantes como o viscosímetro automático e sistemas inteligentes de visualização por câmera de vídeo, que escaneiam o impresso em tempo real em busca de defeitos variados.
Do que são feitos os clichês de flexografia?
Os clichês de flexografia também são produzidos a partir de diferentes materiais, embora os fotopolímeros são, ainda hoje, a maioria do mercado.
Existem, todavia, clichês produzidos a partir de elastômeros e, nos primórdios da flexografia, borracha natural, sintética e vulcanizada (esta última era originada a partir de matrizes metálicas provenientes de outros sistemas como a própria tipografia).
Os clichês podem ser entregues em chapas planas ou em camisas (tubos ocos) sem emendas. As indústrias gráficas que imprimem em flexografia podem produzir suas chapas internamente, caso disponham de equipamento, software e mão-de-obra especializados.
Mas é mais comum que estas indústrias sem atendidas pelas “clicherias”, empresas de pré-impressão focadas nessa etapa do processo.
Quais são as vantagens da flexografia?
Não é a toa que a flexografia cresceu tanto nas últimas décadas, substituindo a rotogravura em algumas fatias do mercado, principalmente na área de embalagens flexíveis (e da impressão offset, no caso dos rótulos e etiquetas).
A flexografia possui muitas vantagens interessantes sob o ponto de vista técnico e econômico:
- A flexografia imprime uma variedade enorme de materiais absorventes (celulósicos) e não-absorventes (plásticos);
- Imprime interna e externamente em filmes que esticam ou contraem;
- Os clichês podem imprimir alguns milhares de exemplares com boa qualidade e produtividade;
- Existem máquinas que podem imprimir 10 cores ou mais;
- Com o uso de impressão sem emendas, é possível se imprimir papéis de presente, materiais de decoração etc.;
- Máquinas flexográficas modernas atingem altíssimas velocidades de impressão;
- A tecnologia hoje permite a impressão de lineaturas bastante elevadas, compatíveis com todos os demais sistemas;
- Existe uma ampla gama de sistemas de tintas para cada necessidade ou aplicação;
- É possível pré-determinar a quantidade de tinta que se vai aplicar para cada anilox e arte a ser reproduzida;
- É possível se imprimir efeitos especiais com tintas metálicas ou mesmo fluorescentes;
- Com o devido treinamento e controle, é possível se executar ajustes (setups) rápidos e precisos;
- A flexografia é bastante competitiva em tiragens pequenas e médias, a realidade do mercado atual;
- O investimento em uma impressora flexográfica e seus acessórios tem um retorno (ROI) bastante rápido;
- Tem custo competitivo em praticamente todos os mercados em que atua;
- Pode produzir uma ampla gama de impressos;
- Pode-se agregar acabamentos especiais em linha em diversas situações;
- Com técnicas como a gama expandida, a qualidade na reprodução de cores especiais pode ser potencializada.
Poderíamos falar de tantas outras características interessantes e positivas da flexografia, mas vantagens e desvantagens são bastante relativas à situação particular de cada empresa ou profissional.
Quais são os pontos críticos do sistema flexográfico?
A flexografia é um dos sistemas – talvez o mais entre todos os sistemas analógicos – mais complexos com relação ao número de variáveis e parâmetros de controle.
Por este motivo, é preciso dispor de uma mão-de-obra bastante técnica e bem formada, apta a tomar decisões rápidas e assertivas com relação aos problemas, tão logo são diagnosticados.
A rotatividade dos profissionais e a pressão por redução de custos acaba por dificultar a formação de uma equipe sólida, entrosada e produtiva. As indústrias flexográficas que obtém bons resultados hoje certamente fizeram um trabalho diferenciado na criação de um time sólido de colaboradores na impressão.
Nos últimos 16 anos, a ProjetoPack tem se dedicado justamente na formação técnica dos colaboradores de centenas de indústrias do setor de flexografia, com programas elaborados justamente em cima das lacunas encontradas no setor, como o popular e amplamente ministrado treinamento de “Problemas, causas e soluções em flexografia“.
Saiba mais sobre este e outros programas em nosso site. Esperamos que este conteúdo tenha sido útil e um bom ponto de partida para você, que está pensando em iniciar um negócio flexográfico ou mesmo ingressar profissionalmente no mercado de flexografia.
Leia mais sobre o assunto:
O que é flexografia (Wikipedia)
A evolução da flexografia (FTA, artigo em inglês)
4 resposta
Muito nom
Achei o conteúdo muito bom. Resumido claro, pois as variáveis das impressões são muitas, mais o conteúdo bem apresentado é ilustrado.
Teria o material em PDF que possa compartilhar?
Olá, tenho uma gráfica offset e estou buscando aprender mais sobre flexográfia, tenho interesse em implantar esse sistema na minha empresa.
Olá gostaria de saber mais